sábado, 10 de outubro de 2015

Procrastinação: se você sempre adia as coisas importantes, é hora de ler este artigo. Ou vai deixar para amanhã?

Muitas pessoas não conseguem usar bem o seu tempo para fazer rapidamente o que tem de ser feito. Adiam, deixam para “amanhã” aquele relatório cujo prazo terminará em poucos dias. Em vez de priorizar as tarefas importantes vão ler os posts do Facebook, limpar o armário, lavar o carro ou organizar os e-mails, até que a tarefa se transforme em urgente, gerando estresse e ansiedade, além da correria para terminar. Conhece alguém assim?

Outros tomam resoluções fantásticas para o Ano Novo como iniciar a academia, o curso de inglês, mudar radicalmente a alimentação. Ou nem começam ou a nova atitude dura somente poucos dias ou semanas, mesmo sabendo o quão importante seria manter este novo comportamento, e isto gera culpa e arrependimento. Certamente conhecemos pessoas que agem deste modo, mas, por que o fazem?

Quando este comportamento é repetitivo é a chamada PROCRASTINAÇÃO, um grande mal que atinge um enorme número de indivíduos e pode prejudicar sua carreira, produtividade, relacionamentos afetivos e até mesmo a sua saúde.

Procrastinação é definida como um ‘atraso voluntário de uma ação apesar das visíveis e negativas consequências futuras’. É optar por prazeres imediatos ao invés de ter uma visão e ação de longo prazo.
Não é o caso das exceções que aparecem em nossas vidas eventualmente e nos fazem mudar os planos, como por exemplo uma visita inesperada que nos faz adiar voluntariamente por esta razão o término de um relatório, nos diz o Dr. Timothy Pychyl, psicólogo professor da Carleton University, em Ottawa, Canadá, grande pesquisador neste assunto.

O procrastinador SABE que deveria estar fazendo sua tarefa adiada, e se sente mal por isto, e às vezes faz “compensações morais” para diminuir sua culpa, como por exemplo ir à academia em vez de terminar sua tarefa, o que alivia temporariamente sua culpa.

Psicólogos descobriram que procrastinadores crônicos frequentemente tem concepções equivocadas do por que agem deste modo. Muitos acreditam que não podem começar porque querem fazer a tarefa perfeitamente e em condições ideais.

Mas os estudos mostram que a procrastinação não tem a ver com perfeccionismo e sim com impulsividade, tendência a agir imediatamente nas urgências e também tem a ver com estratégias emocionais inconscientes para fugir de situações estressantes. É o que nos conta o Dr. Piers Steel, professor de comportamento organizacional da Universidade de Calgary.

Pessoas impulsivas se bloqueiam ao sentir ansiedade ou lidar com fortes emoções.
Uma empresa de Hong Kong chamada Saent, com a supervisão do Dr. Steel está desenvolvendo um software que atrasa a abertura de sites como o Facebook por 15 segundos ou mais e também cria a necessidade de uma senha para navegar na web, pois muitas vezes, estes pequenos “dificultadores” são tudo o que é necessário para fazer os procrastinadores desistirem de procurar uma distração imediata.

Outras pessoas alegam deixar as coisas para o último minuto porque funcionam melhor sob estresse ou sob pressão, mas os verdadeiros procrastinadores se estressam pelo adiamento. Além disto é bastante questionável se a qualidade de um trabalho feito correndo na última hora é melhor do que aquele feito com prazo e mais planejamento.

Os efeitos psicológicos da procrastinação já são bem conhecidos: aumentam os índices de depressão e ansiedade e empobrecem o bem estar, ou seja, diminuem nossa saúde psíquica.

Quanto à nossa saúde física, a psicóloga Dra. Fuschia Sirois, professora da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, estuda os efeitos da procrastinação no modo como lidamos com as doenças crônicas e as suas consequências.

Em recente artigo ela descobriu que os procrastinadores que sofrem de hipertensão arterial e doenças cardiovasculares eram menos propensos a se engajarem em estratégias para lidar com suas doenças crônicas, como por exemplo encontrar um sentido para agir, e fazer atividades físicas com amigos. Ao invés, tinham comportamentos mal adaptativos como evitar lidar com a doença ou culparem-se por ela e mesmo tentar esquecê-la (varrendo-a para baixo do tapete).

Também os procrastinadores parecem mais incapazes de ver claramente no futuro as consequências de suas ações e comportamentos do que os não procrastinadores, um fenômeno chamado de “Miopia Temporal”. Sua visão de futuro é mais abstrata e impessoal, ou seja, são menos conectados emocionalmente com sua imagem de futuro. Isto ocorre principalmente por altos níveis de estresse que desviam o foco para objetivos mais imediatos (prazeres) do que mais distantes (escolha saudáveis para cuidar e manter a saúde).
Uma interessante pesquisa mostrou que o modo ‘como’ pensamos em uma tarefa faz com que a adiemos ou não.

Pesquisadores da Universidade Konstanz na Alemanha liderados pelo Dr. Sean McCrea entregaram questionários a estudantes, que receberiam um valor em dinheiro para responder e entrega-los por e-mail no prazo de até três semanas.