
Já escrevemos aqui sobre o
repolhinho – aquela figura levemente carente, da qual o
pólo mais forte de um relacionamento sem compromisso se aproveita quando quer. É aquele sujeito que recebe uma ligação às 2h
“daquela” pessoa e não consegue resistir. Acaba se encontrando o
nde essa pessoa quer, na hora que ela quer, quando ela quer. Uma repolhice total.
Pois existe um relacionamento, um tanto
raro de acontecer, que é a
repolhice recíproca. É aquela pessoa com quem você tem uma relação tão aberta, tão
descompromissada e tão gostosa que você não tem nenhum pudor de ligar pra ela às 2h da manhã de terça e perguntar: “
Onde você tá? Tô morrendo de vontade de beijar você!”. A pessoa, de forma bastante natural, vira-se para você e diz:
“Passa aqui”. Você vai, vocês se pegam (em alguns casos, fazem
sexo-louco-estilo-africano), conversam sobre todos os assuntos possíveis (a mulher que você tá afim, o homem que ela tá afim, trabalho,
ex-namorados e ex-namoradas, política, economia, o preço do leite e a merda do Parreira que convoca o debilóide
Cris).
Para esse relacionamento dar certo, é
fundamental não haver
envolvimento de nenhuma das partes. Normalmente, a
repolhice recíproca existe entre
ex-namorados bem resolvidos; entre pessoas
muito amigas que, certo dia, envenenados por altíssimo teor alcoólico, se pegaram e desde então saciam a carência mútua; ou entre pessoas que tinham a relação
pólo-mais-forte-e-repolhinho e esse ser mais frágil conseguiu esquecer a pessoa e encarar o lance numa boa.
Raríssimas são as vezes em que tal relacionamento evolui para algo mais sério. Mas muitas vezes uma das partes
não agüenta o tranco, se apaixona e tudo desanda porque o outro pode estar
só curtindo o momento.
Se a
repolhice recíproca atinge níveis
profissionais, algumas coisas inerentes a um casal são dispensadas e o relacionamento torna-se algo
inacreditável. O cara não precisa ligar pra ela
no dia seguinte (
e ela não se sente usada), a mulher pode falar do
ex-namorado (ou até, quem sabe, do atual namorado que
não dá mais no coro), os dois podem fazer ligações na madrugada,
bêbados, falar um monte de bobagens, fazer declarações de amor um para o outro que
nada vai mudar.
Curiosamente, esse
repolho recíproco vira uma
válvula de escape para ambas as partes. Vejamos os exemplos de
utilidade pública da
repolhice recíproca:
H.o.m.e.n.s
1 - Terminou com a
namorada, tá carente, não faz idéia pra onde ir ou o que fazer? Ligue pra
repolha recíproca. Você terá o
maior carinho do mundo e de repente nem precisa rolar pegação, se você não estiver no clima. Ou, ainda melhor, vai rolar uma
pegação sensacional que te deixará fortalecido para enfrentar os próximos dias!
2 - Foi pra night, tomou todas, chegou em diversas
mulheres interessantes e levou
igual número de tocos. Não satisfeito,
apelou às mukissas e não conseguiu marcar gol nenhum (afinal, feio é não fazer gol). Desepero.
Pânico. Amigo, essa é a hora de ligar pra ela: a
repolha recíproca. “Oi, gatinha!
Cadê você? Tô numa merda de festa aqui no Lago Norte e...”. Se a moça não estiver dormindo ou com
outro cara, fatalmente ela aceitará um
encontro delicioso na calada da noite. O inesperado
excita os
repolhos recíprocos.
M.u.l.h.e.r.e.s
1 - Você está
solteira, só arruma
cachorro, pensa em desisitir da vida mundana e se entregar a
Deus. A falta de uma
belíssima noite de amor tá te fazendo
arranhar azuleijos? Nada como um
repolho recíproco para fazer aquela ligação: “Oi, lindinho, como você vai?
Tá tão sumido...” É a
senha. O cara fatalmente estará
a postos em menos de
48 horas (uma grande amiga batiza os
repolhos recíprocos de
PA – pinto amigo).
2 - Você está
insegura, arrasada porque acabou de sair de uma negociação com o ex-namorado:
ele entrou com o pé e você entrou com a bunda. Sente-se frágil, com aquele
vazio de quem perdeu um amor importante. Chega na boate, leva um belo susto do
filho da puta do ex. Ele está no
meio da pista de dança no maior bate-coxa com uma
sirigaita.
“E ela é mais feita do que eu! Você viu o cabelo dela, meu Deus! Aquilo é óleo puro!!”. Você olha para o lado e... pimba! Lá está seu
repolho recíproco. Você chega perto dele, o puxa pro canto e
determina: “Me beija
a-go-ra! O fulano tá ali beijando uma
sirigaita!!!”. Pra
quem mais você poderia fazer esse pedido, sem problema algum, sem estresse,
sem parecer uma vadia, sem ser com um sujeito que vai se aproveitar de você? O
repolho recíproco! Dez minutos depois, vocês terão saído da boate e você vai
chorar suas lágrimas no colo dele. Uma maravilha!
Gostaria de render minhas homenagens à essa
categoria de relacionamento. Não machuca ninguém,
não ofende ninguém, ajuda a melhorar a auto-estima de si e do próximo, desestressa, facilita a vida das pessoas e, se feito com o cuidado necessário para não se apaixonar,
só ajuda!
Texto de: www.totalmentesemnocao.com.br